Comentário sobre o texto "Para além do corpo cravado de likes: a revolução deverá ser lúdica!" de Cabral Filho

Definida por Vilém Flusser, a política é o ato de levar informação do mundo privado para o público, deste modo, como o próprio texto de Cabral Filho enfatiza, a política contemporânea sofreu grandes mudanças com a novidade tecnológica, em particular com as redes sociais. A fronteira entre público e privado hoje é tão tênue que se pode considerar extinta. Em uma enxurrada de posts e tweets durante o dia, compartilhando cada momento de seus cotidianos, as pessoas perderam a noção de intimidade e até de segurança. O algoritmo, tema relevantemente discutido na atualidade, capta as preferências e gostos do indivíduo com base em sua atividade online e modifica o espaço cibernético para se adequar às metas estabelecidas pelos grandes poderes, como a manipulação de propagandas para a influência de compras do consumidor ou a manipulação de dados criando a bolha de informação, gerando alienação e podendo ter significante atuação no resultado de eleições políticas, por exemplo. Portanto, tomando como base o texto de David Harvey, onde defende que as imaginações sociológica e geográfica não podem ser pensadas separadamente para constituir um espaço, é viável aplicar esse pensamento ao espaço cibernético também. Assim como a criação deste se deu por meio do algoritmo, com uma profunda avaliação dos indivíduos e de sua sociabilidade, a influência do indivíduo no espaço também é uma questão presente. E, coincidindo com a conclusão de Cabral Filho, concordo que a reinvenção da política é necessária e possível por este meio: tratar  a informação de modo lúdico e proveitoso, criando assim um equilíbrio de transformações; enquanto o espaço transforma o indivíduo, o indivíduo também transforma o espaço.

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